terça-feira, 27 de março de 2007

Animação 'O Rapto do Peixe-Boi' e curta 'Shala' terão verba para sair do papel


Jornal O Liberal 18/12/2006 Magazine
MinC premia dois projetos paraenses

O curta de animação paraense 'O Rapto do Peixe-Boi', de Cássio Tavernard, foi o único projeto da Região Norte selecionado no Concurso de Apoio à Produção de Obras Cinematográficas Inéditas (curta-metragem de animação) do Ministério da Cultura. O filme, que tem roteiro de Rodrigo Aben-Athar e produção executiva de Márcia Macêdo, foi escolhido entre 219 inscritos de todo o Brasil. Entre os dez selecionados, cinco são do Sudeste, dois da Região Sul, um do Centro-Oeste e um do Nordeste.
'Acho que nesta edição abriram um pouco mais para o Norte e Nordeste, e a gente acabou tendo uma chance maior', comemora Cássio Tavernard. 'O Rapto do Peixe-Boi' traz novamente os personagens do curta-metragem 'A Onda – Festa na Pororoca', dirigido por Cássio com roteiro de Adriano Barroso. Rodrigo Aben-Athar baseou-se em personagens como o Caranguejo e o Camarão para criar uma nova história, em que eles terão que defender um dos animais ícones da Amazônia: o Peixe-Boi.
Cada um dos dez selecionados receberá R$ 60 mil para produzir um curta com duração de cinco a 15 minutos. Cássio conta que a idéia é trabalhar em co-produção com um estúdio de São Paulo, a fim de baratear os custos e aprimorar o projeto. E anuncia que brevemente os personagens de 'A Festa na Pororoca' poderão estrelar uma série televisiva, a ser veiculada pela TV Cultura de São Paulo. 'Estamos em fase de captação e a TV Cultura se colocou como parceira. Ela pretende dar veiculação nacional à série', destaca o diretor.
A produtora Márcia Macêdo, que também coordenou a equipe de produção de 'A Onda – Festa na Pororoca' ressalta que serão procuradas fontes alternativas de recursos para ampliar o projeto. 'Temos o compromisso de viabilizar o projeto com o valor disponibilizado pelo MinC, mas vamos tentar uma fonte complementar de recursos, para que tenhamos melhores condições de trabalho. ‘A Festa na Pororoca’ fez um grande sucesso, principalmente entre as crianças, e foi um aprendizado enorme para toda a equipe. Então é natural que os profissionais queiram melhores condições de trabalho, para ter um produto final melhor', diz ela. Os trabalhos devem começar entre fevereiro e março de 2007, quando será liberada a verba.
Com o curta pronto, a equipe pretende exibi-lo em mostras e festivais, além de produzir um DVD. 'Nosso compromisso é entregar uma cópia do trabalho pronto. Mas podemos fazer o DVD do filme, como foi com ‘A Onda’ e com o ‘Cadê o Verde Que Estava Aqui’', adianta Márcia Macêdo, citando a animação de Biratan Porto. Para ela, o papel do poder público tem sido essencial para a crescente produção de curtas-metragens paraenses de animação. 'Essa sementinha foi plantada quando o Instituto de Artes do Pará começou a fazer as bolsas de pesquisa, das quais resultaram esses dois curtas. Após esse impulso inicial, os produtores já estão buscando outras estratégias'.
Além de 'O Rapto do Peixe-Boi', foram selecionados no edital os curtas 'O Anão Que Virou Gigante', de Marcelo Fabri Marão (RJ), 'Atrox Tempus', de Carlos Daniel Medeiros (RS), 'Como se Fosse Ainda', de Érica Martins Valle (SP), 'Dayane e Zé Firo', de Marta Kawamura Gonçalves (SP), 'Disnei no Gelo', de Alexandre Machado de Sá (SP), 'Entre Silêncio e Sombras', de Murilo Hauser Valério (PR), 'A Menina Que Pescava Estrelas', de Ítalo Cajueiro de Oliveira (DF), 'Terra', de Sávio Leite e Silva (MG) e 'Um Outro', de Alba Liberato (BA). O resultado pode ser conferido no site do Ministério da Cultura (http://www.cultura.gov.br/).


Adoção
'Shala', curta-metragem do paraense João Inácio, foi outro projeto contemplado pelo Ministério da Cultura no Concurso de Apoio à Produção de Obras Cinematográficas Inéditas. 'A produção de curtas-metragens de Belém mostra que podemos fazer filmes de qualidade, contando nossas próprias histórias. Desde 2000 foram produzidos vários filmes, que abordaram os mais variados temas da cultura da Amazônia, como a culinária, a música, a religiosidade e a vida na metrópole, alcançando reconhecimento nacional e até internacional', destaca João Inácio.
O tema do filme é a adoção e o seu mais triste desfecho: a devolução. 'A história de ‘Shala’ é baseada em fatos reais ocorridos em Belém. A crescente institucionalização de crianças vitimizadas pelo abandono, resultado de uma adoção fracassada, precisa ser mostrada à sociedade, pois requer um olhar mais atento. Uma rejeição ao extremo pode trazer seqüelas irremediáveis que se refletem no comportamento da criança, podendo tornar-se um adolescente extremamente violento. Daí a importância de se levantar esta discussão', justifica.
O roteiro cruza diferentes histórias relacionadas à adoção. Os personagens principais, Rita e Pedro, têm realidades bem diferentes. 'Depois de viver inúmeras rejeições, Pedro sofre a devolução, como resultado de um processo fracassado de adoção. A falta de preparo dos pais adotivos para assumir a paternidade somados a um comportamento preconceituoso são pontos relevantes abordados no filme', diz João Inácio.

Nenhum comentário: