segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Cinema brasileiro em alta


No dia em que é comemorado, o cinema nacional já tem motivos para festejar

CAROLINA MENEZES
Da Redação
Jornal O Liberal, Magazine
Belém, Segunda, 05 de novembro de 2007


Este 5 de novembro, Dia do Cinema Brasileiro, merece comemoração especial: há anos o Brasil não tinha uma produção cinematográfica tão efervescente para se orgulhar, como tem hoje. Na década de 70, os filmes pipocavam. Nos anos 80, a produção caiu e, a partir de 1990, com a extinção da Embrafilmes, do Conselho Nacional de Cinema (Concine), da Fundação do Cinema Brasileiro, do próprio Ministério da Cultura e, claro, das leis de incentivo – tudo isso durante o mandato do então presidente da República, Fernando Collor de Melo –, houve época em que eram produzidos apenas seis filmes (ou menos) por ano.
A boa fase atual pode ser atribuída, sim, a uma melhora técnica. As produções de hoje tem outro padrão de qualidade, e devem muito pouco ou nada aos filmes estrangeiros. No entanto, um dos fatores que atrasa a imponência do cinema feito no Brasil frente ao mercado é, por incrível que pareça, o próprio público (sem falar na dificuldade de captação de recursos...). Exigente como nunca, o espectador paga o exorbitante preço do ingresso para assistir aos água-com-açúcar, thrillers, comédias-besteirol e outros tipos que parecem ser produzidos em massa – é claro que o nome 'Estados Unidos' merece destaque aqui como a grande representação dessa indústria de filmes –, mas a-do-ra colocar defeito no made in Brazil. E o máximo do elogio é sair do cinema dizendo 'pô, nem parece filme brasileiro!'.
O cineasta e dono da produtora Caiana Filmes, João Inácio, sabe muito bem a dificuldade de fazer cinema no Brasil – mais especificamente na região Norte, Estado do Pará, onde ele nasceu e mora até hoje. Mesmo assim, ele bateu o pé pelo que queria e, em dez anos de carreira, produziu quatro curtas e um longa-metragem. 'Sempre quis fazer cinema, eu estudei muito no início, fiz cursos em Belém e no Rio de Janeiro, trabalhei com muita gente boa. Essa é a minha vocação, mas é muito difícil consegui recursos pra tudo, temos que buscar fora. Falta uma política mais enérgica para o fomento de nossa produção, o Norte é a bola da vez no audiovisual, a Rede Globo já fez uma minissérie na região e a HBO está produzindo outra, mas filmes aqui só são feitos por gente que vem de fora! Acredito que com as novas políticas de edital teremos uma nova era e de produção local do audiovisual paraense'.
Inácio está em fase de captação de recursos de seu curta 'Shala', sobre um menino que mora em um abrigo para adoção e que vive a criar artimanhas para ser adotado. 'O Ministério da Cultura concedeu R$ 80 mil, o que garante o início do projeto, porque o filme foi contemplado no Concurso de Apoio à Produção Cinematográfica Inédita de Curta-Metragem. Foram só 20 projetos selecionados em todo o país, quase mil inscritos. Agora eu e minha equipe estamos correndo atrás do restante dos recursos', conta. 'A maior dificuldade é ter garra de conseguir produzir sabendo que você vai ser mal remunerado por muito tempo, porque ainda não existe um mercado local de produção em cinema, então as produções não empregam constantemente, e esses profissionais tendem a ou migrar para outras áreas ou sair de Belém. Há uma promessa do Governo do Estado em publicar editais de fomento a produção no ano que vem, isso já será um divisor de águas na história do cinema paraense, muita gente terá a real oportunidade de colocar seus roteiros para rodar, o mercado vai aquecer e os profissionais não terão mais que sair de Belém pra fazer cinema. Eu rezo para que isso aconteça', diz.
Crítico lamenta o nosso distanciamento dos festivais internacionais
O crítico de cinema Marco Antônio Moreira vai direto ao ponto, sem rodeios. 'Algumas coisas mudaram, outras não. O número de filmes produzidos por ano no Brasil subiu, recuperou um ritmo. A qualidade técnica está bem melhor do que antes, até porque as tecnologias estão mais baratas e acessíveis, e isso faz com que a gente seja bem visto no país e lá fora. O filme brasileiro hoje tem boa fotografia, bom roteiro, boa montagem, bom áudio. Claro que, como qualquer indústria cinematográfica, tem filmes bons e ruins. Mas apesar das boas mudanças, ainda há um distanciamento entre o Brasil e os festivais internacionais. E eu nem me refiro ao Oscar, que tem, na minha concepção, um critério de seleção duvidoso, falo de outros eventos que possam dar o reconhecimento ao cinema brasileiro', explica.
E continua: 'Também ainda sofremos com o problema da distribuição. Nem todas as produções nacionais chegam ao circuito comercial, e se chegam, é por causa de uma obrigatoriedade imposta pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) de o circuito exibir pelo menos uma produção nacional. E as sessões dificilmente têm bom público, as salas ficam quase que vazias durante a projeção do filme. E essa realidade não é só no cinema. Em qualquer locadora o índice de locação de filme nacional é baixíssimo', lamenta Marco Antônio.
Os espectadores também acabam, às vezes, complicando uma 'subida' dos filmes brasileiros por conta de preconceitos. 'Muita gente ainda acha que é ruim. Critica se tem palavrão ou cena de sexo, coisa que tem em quase todo filme norte-americano, é uma contradição esse tipo de queixa! Aí acontece que o último filme que o cara viu foi ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’ e ele diz que cinema brasileiro é ruim. Eu e outros críticos daqui como o Pedro Veriano, a Luzia Miranda Álvares e tantos outros, falamos do que nós sabemos. A gente vai pro cinema ver tudo, somos obrigados a ver para que não aconteça de fazermos o que a maioria faz: falar do que não se conhece', alfineta Marco Antônio.
O crítico, quando admite que já há, apesar de tudo, uma procura maior por filmes nacionais, não gosta de incluir 'Tropa de Elite', de José Padilha, na história. 'É um filme bom, sim, traz uma realidade interessante. Mas é um caso isolado por conta da pirataria e tudo mais. O que acontece é que o povo não vai ao cinema se não tiver global como protagonista, já reparou? Não acho que ‘Tropa’ fez sucesso por causa do Wagner Moura. ‘Saneamento Básico’, do Jorge Furtado, foi desprezado pelo público e também tinha ele no papel principal. E é assim com muitos filmes. Dos cerca de 60 produzidos por ano, a gente só conhece cinco ou seis! Filme brasileiro não é lançado, ele é jogado no mercado. Não há uma boa estratégia de divulgação planejada para ele. É uma situação triste, eu penso, mas num contexto geral, acho que já estivemos bem pior. Eu acredito que a tendência é melhorar, justamente pela melhora técnica. É preciso ser otimista', afirma.
Doze anos sem incentivo às produções locais
Sempre envolvida com produções audiovisuais no Estado do Pará, a produtora de projetos culturais, Márcia Macedo, diz que 2007 foi ano de plantio dos produtores paraenses. 'Não dá pra esquecer que foram doze anos sem políticas públicas voltadas para esse tipo de atividade. Com o novo Governo, entrou a iniciativa do Instituto de Artes do Pará (IAP), que tem tido uma força real no fomento da produção de animações. A todo o momento saem os resultados de editais federais, as elaborações de roteiro para longas-metragens. Eu vejo um novo momento a partir do próximo ano, e vejo com muito otimismo', reforça.
Para Márcia, este 5 de novembro é um dia de esperança para os cineastas paraenses. 'Onde a gente leva a produção do Pará, nos festivais e mostras, somos muito bem recebidos. Temos coisas boas, de qualidade, não só na capital, mas como no interior também, e a gente tem ido em busca desses novos olhares', conta.
O cinema brasileiro é mais que entretenimento e justamente por isso merece uma valorização diferenciada, afirma a produtora. 'Coisa que me irrita é crítica dura ao cinema brasileiro. A gente compra um lixo cultural estrangeiro todos os dias, 95% dos filmes americanos são péssimos! Aqui, temos roteiros diretos, filmes como ‘Dois Filhos de Francisco’, que cumprem uma função social. Mas é lamentável que, pra muita gente, o cinema brasileiro precise de histórias fantásticas e impecáveis para ser considerado e respeitado', dispara.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

João vive para a sétima arte

O roteirista João Inácio, o premiado "shala", mal vê a hora de transpor seu texto para as telas dos cinemas.
Revista Diario
Ano II n° 56
Domingo, 10 de junho de 2007

Adequado à postura do profissional contestador de cinema, João Inácio, que trabalha há 10 anos em produção e exibição de cinema, não hesitou em colocar o dedo na ferida moral da questão da adoção: com “Shala”, um curta (tristemente baseado em fatos reais) que disseca o delicado aspecto da rejeição, ao contar a história de um menino que se recusa a se livrar de sua boneca. A ousadia fez bem a ele, que, no final de 2006, foi o Roteirista Premiado no Concurso de Apoio à Produção de Obras Cinematográficas Inéditas, promovido pelo Ministério da Cultura, justamente com sua obra “Shala”, escolhida entre 20 vencedores de 981 inscritos de todo o Brasil. O próximo passo, mais aguardado, é transpor o roteiro para as telas de cinema.





O que é mais difícil de executar quando se fala em sétima arte?


Conseguir os recursos do filme. O cinema engloba todas as artes, daí temos nossos custos multiplicados por sete, tornando a produção bastante onerosa.



Por que o nome Shala?


Shala é o nome da boneca do personagem principal, que funciona muito parecido como o Sr. Wilson de “Naufrago” e a Maria Eugênia do Bam-Bam.



Qual a sua intenção em abordar a questão da rejeição das crianças adotadas?


Esse é um tema nunca abordado pelo cinema, é uma ferida da sociedade que ninguém quer lembrar que existe, mas precisamos repensar de como garantir o direito básico dessas crianças de ter uma família, pois elas estão crescendo dentro de abrigos e sendo ignoradas pela sociedade.



O que contam os fatos reais ocorridos em Belém em que Shala foi baseado?


É o caso de um garoto de 6 anos de idade que passou por três processos de adoção, em todos ele foi rejeitado e devolvido. Os pais adotivos alegaram motivos extremamente preconceituosos. Há muitos outros casos de devolução de crianças adotadas e os mais desumanos motivos; que pode ser pela cor da pele, comportamento ou mesmo por uma necessidade especial que só venha se manifestar na criança depois da adoção.



O que falta para o filme ir para as telas?


Já conseguimos quase metade dos recursos financeiros fora Pará. Agora estamos aguardando a contrapartida do Poder público, pois o filme é todo rodado em Belém e tem na sua equipe mais de 50 artistas e técnicos, todos paraenses.



Qual sua a visão como cidadão de famílias que rejeitam seus filhos?


Vejo como famílias que procuram na adoção resolver problemas e carências pessoais, em vez de promover o direito de uma criança de ter amor e ter uma família.



Por ser paraense você sente essa obrigação de retratar as peculiaridades da nossa região?


Fazer filmes em Belém já é ser regional, o artista não pode estar algemado ao pitoresco da sua região. As peculiaridades podem ser uma forma de situar o enredo. Acredito que o mais importante é contarmos as nossas próprias histórias, mas de forma universal.



Além de dinheiro, o que mais se ganha ao ser contemplado pelo Minc?


Credibilidade. O prêmio do Minc é o mais respeitado e concorrido concurso de roteiro do país.



O que Shala te trouxe de lição?


Que todo esforço para conseguir realizar uma verdadeira obra de arte é válido, pois, como disse o corredor Steve Prefontaine, “dar menos que seu melhor é sacrificar o dom que você recebeu.”



O que o cinema paraense precisa para alçar vôos mais altos?


Sem dúvida, que o Estado e o Município realizem editais como os do Minc.



Para você, o que é cinema?


Cinema é mais do que diversão, é, quem sabe, do principal instrumento paratransformarmos a sociedade em algo melhor.



Que filme brasileiro mais te chamou a atenção?


“Cidade de Deus”, de Fernando Meireles, o qual pretendo utilizar a mesma técnica de preparação de atores para meu filme.



E estrangeiro?


“Dançando no Escuro”, de Lars Von Trier, que me ensinou como abordar um tema com muita sensibilidade e provocar reação no espectador.



Se você não fosse cineasta, o que seria?


Uma pessoa muito infeliz.



Qual cena real de Belém deveria estar fora de circuito?


O fechamento das salas de cinema.



A pirataria está na cara e na casa de muita gente. Qual sua opinião sobre essa problemática?


Não quero me comprometer, mas faço minhas as reflexões de Walter Benjamin.



Hoje, que filme pra você renderia mais que o Oscar?


Quem sabe um longa- metragem paraense feito apenas por paraenses.

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Pan-Amazônica na Escola recebe roteirista premiado pelo Ministério da Cultura

Pan-Amazônica recebe roteirista premiado
Caderno D - Diario do Pará 04/06/07

O projeto Pan-Amazônica na escola chega dia 04 de Junho as 10:00h ao pólo 5 da SEDUC. Realizando no auditório da Escola Deodoro de Mendonça, um bate papo com o cineasta João Inácio que irá falar sobre roteiro cinematográfico.

No bate papo Inácio irá abordar aspectos básicos de roteiro original, roteiro adaptado e roteiro para documentário. Em especial falará dos Conceitos de adaptação cinematográfica de obras literárias e as dificuldades de transposição da linguagem literária para o cinema. O Roteirista também irá tecer reflexões sobre a especificidade de cada uma das linguagens, incluindo a música, o teatro, as artes plásticas e gráficas, os quadrinhos etc.
Dentro das abordagens serão apontados elementos que possibilitam a criação de significados na cinematográfica. No encontro também será exibição de trechos de filmes conhecidos e a leitura do roteiro de suas respectiva cena.

João Inácio já trabalha à 10 anos na produção e exibição de cinema e no final de 2006 foi o Roteirista Premiado no Concurso de Apoio à Produção de Obras Cinematográficas Inéditas promovido pelo Ministério da Cultura. O Roteiro de seu curta metragem “Shala” foi escolhido dentre 20 vencedores de 981 inscritos de todo o Brasil.

O projeto Pan-Amazônica na escola é uma ação preparatória da feira pan-amazônica do livro para alunos da rede pública de ensino do Estado do Pará. Promovidas pela Secretaria Executiva de Cultura (Secult), as ações preparatórias reúnem mais outros dois projetos: Pan-Amazônica no Município e Sarau da Feira. A Feira Pan-Amazônica do Livro irá acontecer de 28/09 a 07/10 no Hangar, Feira e Convenções da Amazônia.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

25 de maio - Dia Nacional da Adoção, O cinema em prol da Adoção




Shala aborda tematica em prol da Adoção

O dia 25 de maio é comemorado o Dia Nacional da Adoção; dia que surgiu em decorrência do movimento nacional dos Grupos e Associações de Apoio á Adoção, oficializado através da Lei n 10.447-09/05/2002.
Dia que deve chamar a atenção da sociedade como um todo, diante da realidade de milhares de crianças e adolescentes, que embora tenham direito de conviver, em família, garantido em Lei pelo ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente, vivem em abrigos, crescendo sem a proteção e a atenção necessárias ao seu pleno desenvolvimento, que somente uma família pode proporcionar.
Dia em que a sociedade e o Estado devem refletir o desenvolvimento de novas políticas públicas dando ênfase a construção de uma nova cultura, onde a adoção deixe de ser vista apenas como uma alternativa para dar filhos a quem não os pode gerar, daí a necessidade de buscarem-se novos instrumentos de reflexão sobre essa problemática.
O curta metragem Shala, do paraense João Inácio foi um dos projetos contemplados pelo Ministério da Cultura (MinC), no Concurso de Apoio à Produção de Obras Cinematográficas Inéditas. Sendo escolhido dentre 20 vencedores de 981 inscritos de todo o Brasil.
Shala terá como tema a institucionalização de crianças vítimas de abandono. O filme é baseado em fatos reais ocorridos em Belém.
Essa questão precisa ser mostrada á sociedade em geral, como algo que requer um olhar mais atento e responsável. A história conta a trajetória do garoto Pedro em busca de pais adotivos. Vivendo em um abrigo, Pedro, com 6 anos de idade, vive, entre outros preconceitos, o cruel desinteresse de ser adotado devido a sua faixA-etária. O garoto passa a criar situações diversas para chamar atenção de possíveis pais adotivos. Paralelo a essa busca Pedro passa a cultivar uma amizade profunda com seu único brinquedo; a boneca “Shala”, o que poderá prejudicar Pedro de conseguir seu maior sonho: Ter uma família.
O filme vai fazer com que cada um revisite seus pensamentos e conceitos, de uma forma criativa e inteligente e também possibilitando a realização de palestras, debates e oficinas sobre o tema, possibilitando a ampliação dessa reflexão.
“Shala” encontra-se em fase de pré-produção, aguardando apoio dois governos Municipal e Estadual, sua aprovação na Lei SEMEAR e assim complementar os recursos necessários para viabilização da obra.
A Produção do filme reunirá mais de 50 artistas e técnicos paraenses, entre fotógrafos, músicos, artistas plásticos, atores, entre outros, contribuindo para mais um trabalho realizado com uma competente equipe técnica local, como Cláudio Barros, responsável por encontrar a atriz do filme Tainá, Simone Machado, diretora de Produção, paraense reconhecido por seu trabalho em vários longas nacionais e com a colaboração de renomados técnicos de São Paulo com Kátia Coelho, diretora de fotografia premiada em Gramado e Idê Lacreta, montadora de Filmes como “A ópera do malandro” e “Kenoma”.
Para a cidade de Belém o filme será lançado com sessões gratuitas. E nos dois meses seguintes exibições em salas de cinemas da cidade, facilitando o acesso para que mais paraenses possam ver o cinema feito no Estado. Alem de sessões de cunho pedagógico em escolas da rede pública de ensino, participação em mostras, palestras, encontros e festivais nacionais e internacionais de cinema.
Fazer mais filmes no estado será não apenas mais um desafio, mas uma conquista de podermos registrar e mostrar a nossa cara e nós mesmos contarmos e refletirmos as nossas próprias histórias, com profissionalismo e competência.

terça-feira, 27 de março de 2007

Livros querem derrubar tabus

Jornal Diario do Pará
24/03/2007
Caderno Cidades
http://www.diariodopara.com.br/Edicoes/2007/03/24/Cidades/Ci_06.asp

ADOÇÃO
Livros querem derrubar tabus
A ONG italiana Amigos da Criança (Aibi), em parceria com o Unicef, promoveu ontem, no hotel Regente, em Belém, o seminário “Oficina dos Sonhos” para debater a problemática da adoção de crianças e adolescentes. Na ocasião, houve o lançamento de três publicações em forma de livro, produzidas por entidades ligadas ao trabalho com crianças institucionalizadas, e do projeto do filme “Shala”, do cineasta João Inácio, premiado pelo Ministério da Cultura.O evento reuniu técnicos e diretores de abrigos, estudantes e profissionais que atuam na área. Dados do ano passado apontam que em Belém há cerca de 260 crianças, entre zero e seis anos de idade lotadas em abrigos, à espera de pais adotivos. De acordo com a coordenadora interina do Unicef em Belém, Ida Pietricovsky, ainda persiste na sociedade o olhar preconceituoso em relação às crianças com idades mais avançadas, o que dificulta o processo de adoção, pois a maioria dos pais preferem se responsabilizar por crianças ainda bebês. “É preciso estimular o processo de adoção para torná-la mais sistemática, e acabar com esta preferência em adotar apenas crianças com idades entre dois e três meses”, ressalta. Pietricovsky afirmou que boa parte das crianças que estão em abrigos enfrenta problemas familiares, envolvendo violência doméstica. “A criança acaba fugindo de casa, chegando muitas vezes ao ponto da impossibilidade de convivência com a família. Em casos como estes, o trabalho inicial é criar mecanismos para tentar recolocá-la no seio da família”.

Filme lança ações de projeto
















Amazônia Jornal
24/03/2007 Noticias
Filme lança ações de projeto

O projeto do filme 'Shala', do paraense João Inácio, foi oficialmente lançado ontem no Hotel Regente como parte da programação do seminário e do lançamento das publicações: 'Ser filho' e 'Entre a realidade e o sonho'. O filme é baseado em fatos reais ocorridos em Belém e conta a história do cotidiano de um garoto que vive em abrigos em busca de seus pais adotivos. Durante o lançamento, foi apresentado o cronograma de ações do filme, entre eles a seleção de atores e as oficinas de produção de bonecas de pano para a utilização no filme, além de oficina de direção.
O objetivo do seminário é de compartilhar com os profissionais que atuam na área, as experiências e resultados alcançados na atividade 'Oficina dos sonhos', realizada pelo Projeto Membira entre 2005/2006, a qual teve como público alvo crianças e adolescentes institucionalizados em Belém. As publicações são produto final de um longo trabalho realizado pelo Centro de Serviço à Família (Membira) com crianças que vivem ou que viviam em abrigos da Região Metropolitana de Belém.
O trabalho é coordenado pelo Membira, que reúne a Associação Amigos da Criança (AiBi), Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de Belém (Renascer), Grupo de Estudo e Pesquisa sobre a família, infância e Adolescência (Gepia/UFPA) e Fundação Papa João XXIII e apoio técnico e financeiro do Unicef. As duas publicações colocam o leitor em contato direto e profundo com a dor aguda e traumatizante de crianças afastadas de seus pais e familiares para viver em uma instituição de abrigo. As publicações apresentam textos e desenhos realizados por meio de estímulos à livre expressão de crianças e adolescentes.

De acordo com Patrícia Yokoyama, representante da AiBi em Belém, a idéia é de que as crianças sejam devolvidas às famílias, mas, caso isso não ocorra elas são encaminhadas para adoção nacional ou internacional. O mais gratificante é que não estamos sozinhos nessa ação, pois temos parceiros que estãos sendo fundamentais para o desenvolvimento do nosso trabalho e o filme 'Shala', do João Inácio, é baseado em fatos reais, o que possibilita a reflexão', afirmou Patrícia.

'Shala' é lançado durante seminário

Jornal O Liberal
23/03/2007 Magazine
'Shala' é lançado durante seminário

Produção
Filme paraense sobre crianças que vivem em abrigos tem seu projeto lançado hoje
O projeto do filme 'Shala', do paraense João Inácio, será lançado hoje, no Hotel Regente, às 11h, dentro da programação de lançamento das publicações 'Ser Filho' e 'Entre a Realidade e o Sonho', que são resultado do trabalho desenvolvido pelo Centro de Serviço à Família, com crianças que vivem ou viviam em abrigos da Região Metropolitana de Belém. As publicações têm apoio técnico e financeiro da Unicef.
Premiado pelo Ministério da Cultura, o filme 'Shala' é baseado em fatos reais ocorridos na capital paraense e conta a história de um garoto institucionalizado em busca de seus pais adotivos. O filme será rodado em 35 mm e executado pela Caiana Filmes.
Parte da equipe já está confirmada e a previsão é de que 'Shala' seja lançado no início de 2008.

'Shala' aborda adoção fracassada

Amazônia Jornal
27/12/2006 Noticias
'Shala' aborda adoção fracassada

A produção cinematográfica paraense continua a todo vapor. 'Shala' será o próximo filme de ficção produzido no Estado. A confirmação foi divulgada no dia 14 deste mês, no edital de apoio a produção de curta-metragem promovido pelo Ministério da Cultura.
O curta do paraense João Inácio foi um dos projetos contemplados pelo MINC no Concurso de Apoio à Produção de Obras Cinematográficas Inéditas, de Curta Metragem, dos Gêneros Ficção, Documentário ou Experimental (edital n° 3).
Foram escolhidos 20 projetos, com duração entre 10 e 15 minutos, dentre 981 inscritos e 958 deferidos de todo o Brasil, para receber o apoio financeiro de R$ 80 mil, cada um.
O roteiro do curta retrata a crescente institucionalização de crianças vitimizadas pelo abandono, resultado de uma adoção fracassada. O tema principal do filme foi baseado em fatos reais ocorridos em Belém do Pará.
'Shala' aborda essa realidade, pontuando em histórias vivenciada pelo personagem principal, Pedro, 5, que revela ser um pouco diferente. Depois de viver inúmeras rejeições, sofre a devolução como resultado de um processo fracassado de adoção e a falta de preparo dos pais adotivos para assumir a paternidade. Tudo isto somado a um comportamento preconceituoso. 'Esta problemática precisa ser mostrada à sociedade como algo que requer um olhar mais atento, responsável', comenta João Inácio.
Para Ana Maria Chamma, presidente da Fundação da Criança e do Adolescente do Pará (Funcap), que leu o projeto antes de ser enviado ao Ministério da Cultura, o roteiro de 'Shala' tem vários matizes interessantes. 'Há, por exemplo, um cunho pedagógico, pois seu trabalho pode ser usado como instrumento para se falar e discutir a adoção no Brasil. O roteiro do filme é simples, sem ser simplista, é objetivo, sem perder a densidade e é, acima de tudo, emocionante', diz.
Marcos Ribeiro, autor premiado pela Academia Brasileira de Letras e consultor em Sexualidade do Ministério da Saúde e Canal Futura, também já vem acompanhando o a construção do roteiro. 'Quando temos a oportunidade de apresentar essa tomada de consciência através do cinema, que reúne a arte do encontro entre o ser pensante e a poesia, podemos ter a certeza que, num fututo breve, homens/meninos e mulheres/meninas, se entenderão muito mais tranqüilamente, cada um respeitando o desejo e escolha do outro, seja nas brincadeiras de infância ou nos caminhos da vida adulta. O filme vai fazer com que cada um (re)visite seus pensamentos e (pre)conceitos, de uma forma muito criativa e inteligente, relata Ribeiro.
O filme tem previsão para começar a rodar em setembro, mas já tem nomes de peso na sua equipe técnica: Cláudio Barros (do grupo Cuira), fará a direção de atores, e Kátia Coelho, da Universidade de São Paulo (USP), a direção de fotografia.

Animação 'O Rapto do Peixe-Boi' e curta 'Shala' terão verba para sair do papel


Jornal O Liberal 18/12/2006 Magazine
MinC premia dois projetos paraenses

O curta de animação paraense 'O Rapto do Peixe-Boi', de Cássio Tavernard, foi o único projeto da Região Norte selecionado no Concurso de Apoio à Produção de Obras Cinematográficas Inéditas (curta-metragem de animação) do Ministério da Cultura. O filme, que tem roteiro de Rodrigo Aben-Athar e produção executiva de Márcia Macêdo, foi escolhido entre 219 inscritos de todo o Brasil. Entre os dez selecionados, cinco são do Sudeste, dois da Região Sul, um do Centro-Oeste e um do Nordeste.
'Acho que nesta edição abriram um pouco mais para o Norte e Nordeste, e a gente acabou tendo uma chance maior', comemora Cássio Tavernard. 'O Rapto do Peixe-Boi' traz novamente os personagens do curta-metragem 'A Onda – Festa na Pororoca', dirigido por Cássio com roteiro de Adriano Barroso. Rodrigo Aben-Athar baseou-se em personagens como o Caranguejo e o Camarão para criar uma nova história, em que eles terão que defender um dos animais ícones da Amazônia: o Peixe-Boi.
Cada um dos dez selecionados receberá R$ 60 mil para produzir um curta com duração de cinco a 15 minutos. Cássio conta que a idéia é trabalhar em co-produção com um estúdio de São Paulo, a fim de baratear os custos e aprimorar o projeto. E anuncia que brevemente os personagens de 'A Festa na Pororoca' poderão estrelar uma série televisiva, a ser veiculada pela TV Cultura de São Paulo. 'Estamos em fase de captação e a TV Cultura se colocou como parceira. Ela pretende dar veiculação nacional à série', destaca o diretor.
A produtora Márcia Macêdo, que também coordenou a equipe de produção de 'A Onda – Festa na Pororoca' ressalta que serão procuradas fontes alternativas de recursos para ampliar o projeto. 'Temos o compromisso de viabilizar o projeto com o valor disponibilizado pelo MinC, mas vamos tentar uma fonte complementar de recursos, para que tenhamos melhores condições de trabalho. ‘A Festa na Pororoca’ fez um grande sucesso, principalmente entre as crianças, e foi um aprendizado enorme para toda a equipe. Então é natural que os profissionais queiram melhores condições de trabalho, para ter um produto final melhor', diz ela. Os trabalhos devem começar entre fevereiro e março de 2007, quando será liberada a verba.
Com o curta pronto, a equipe pretende exibi-lo em mostras e festivais, além de produzir um DVD. 'Nosso compromisso é entregar uma cópia do trabalho pronto. Mas podemos fazer o DVD do filme, como foi com ‘A Onda’ e com o ‘Cadê o Verde Que Estava Aqui’', adianta Márcia Macêdo, citando a animação de Biratan Porto. Para ela, o papel do poder público tem sido essencial para a crescente produção de curtas-metragens paraenses de animação. 'Essa sementinha foi plantada quando o Instituto de Artes do Pará começou a fazer as bolsas de pesquisa, das quais resultaram esses dois curtas. Após esse impulso inicial, os produtores já estão buscando outras estratégias'.
Além de 'O Rapto do Peixe-Boi', foram selecionados no edital os curtas 'O Anão Que Virou Gigante', de Marcelo Fabri Marão (RJ), 'Atrox Tempus', de Carlos Daniel Medeiros (RS), 'Como se Fosse Ainda', de Érica Martins Valle (SP), 'Dayane e Zé Firo', de Marta Kawamura Gonçalves (SP), 'Disnei no Gelo', de Alexandre Machado de Sá (SP), 'Entre Silêncio e Sombras', de Murilo Hauser Valério (PR), 'A Menina Que Pescava Estrelas', de Ítalo Cajueiro de Oliveira (DF), 'Terra', de Sávio Leite e Silva (MG) e 'Um Outro', de Alba Liberato (BA). O resultado pode ser conferido no site do Ministério da Cultura (http://www.cultura.gov.br/).


Adoção
'Shala', curta-metragem do paraense João Inácio, foi outro projeto contemplado pelo Ministério da Cultura no Concurso de Apoio à Produção de Obras Cinematográficas Inéditas. 'A produção de curtas-metragens de Belém mostra que podemos fazer filmes de qualidade, contando nossas próprias histórias. Desde 2000 foram produzidos vários filmes, que abordaram os mais variados temas da cultura da Amazônia, como a culinária, a música, a religiosidade e a vida na metrópole, alcançando reconhecimento nacional e até internacional', destaca João Inácio.
O tema do filme é a adoção e o seu mais triste desfecho: a devolução. 'A história de ‘Shala’ é baseada em fatos reais ocorridos em Belém. A crescente institucionalização de crianças vitimizadas pelo abandono, resultado de uma adoção fracassada, precisa ser mostrada à sociedade, pois requer um olhar mais atento. Uma rejeição ao extremo pode trazer seqüelas irremediáveis que se refletem no comportamento da criança, podendo tornar-se um adolescente extremamente violento. Daí a importância de se levantar esta discussão', justifica.
O roteiro cruza diferentes histórias relacionadas à adoção. Os personagens principais, Rita e Pedro, têm realidades bem diferentes. 'Depois de viver inúmeras rejeições, Pedro sofre a devolução, como resultado de um processo fracassado de adoção. A falta de preparo dos pais adotivos para assumir a paternidade somados a um comportamento preconceituoso são pontos relevantes abordados no filme', diz João Inácio.