sexta-feira, 17 de julho de 2009

Shala – Filme Paraense mostra o drama da criança adotiva reabandonada


O drama social de um menino órfão que tem a felicidade de ser adotado, mas acaba sofrendo a frustração de ser devolvido pelos novos pais é o epicentro do curta metragem “Shala, Nem Todas as Histórias são Felizes”, filme paraense que terminou de ser gravado neste domingo (12 de julho) em Belém. Shala é baseado em histórias verídicas reunidas pela Fundação da Criança e do Adolescente do Pará (Funcap) e foi premiado pelo Ministério da Cultura no Concurso de Apoio ao Cinema.

Shala é o nome da boneca que marca a amizade entre Pedro e sua colega de orfanato, Rita, papel desempenhado pela menina Isabelli Vilhena. Com o roteiro e direção de João Inácio, o filme, com duração de 12 minutos, traz como ator revelação o pequeno paraense Tiago de Assis, de 7 anos de idade. Ele faz o personagem principal, Pedro, levando para a telinha toda a inocência e emoção da criança abandonada, que é fadada a viver em abrigos espalhados pelo Brasil. Shala é produzido pela Caiana Filmes, tem o apoio da Lei To Teixeira e o patrocínio do Grupo Yamada.

Aluno da 3ª série, Tiago é bailarino clássico da Academia Ana Unger e, atualmente, participa da seleção para a norte-americana Academy Royal. “É a primeira vez que eu participo de um filme. Não é tão fácil (atuar num filme) como todo mundo pensa”, diz o compenetrado ator mirim. “Quando li o roteiro, já conhecia o Tiago e pensei logo nele. Eu já tinha dirigido o Tiago no espetáculo “Acqua”, que foi uma dança teatralizada, no ano retrasado. Eu me impressionei com o menino. Ele é espetacular no sentido pleno da palavra”, destaca Cláudio Barros, diretor de elenco do Shala, que foi quem descobriu o talentoso menino. “Há cinco anos o meu filho já dançava. Estou orgulhosa dele (Tiago)”, comemora a mãe de Tiago, Telma Costa.


As gravações de Shala aconteceram no Colégio Gentil, desde a segunda-feira, 7, até a sexta-feira, 10. No local foi reproduzido o ambiente do orfanato em que se passa a história. O segundo set de filmagens foi na loja Novitá, um belo casarão antigo da Avenida Braz de Aguiar, que serviu de cenário para a casa em que Pedro foi morar com a nova família. Os pais adotivos são encenados pelo experiente Bruno Carreira, de 39 anos, arquiteto e ex-modelo que já grava peças publicitárias e filmes com Cláudio barros há uma década; e pela cantora Juliana Sinimbú, de 23 anos, que estréia como atriz.

“O convite pra esse filme foi um susto e também um presente. É um papel forte, que envolve uma carga emocional grande. Estou feliz dos diretores estarem confiando em mim pra esse papel. É um filme muito bom e uma história linda. Estou ansiosa pelo resultado”, revela Juliana. Já Bruno, divide o desafio do novo papel com as dificuldades da recuperação de uma cirurgia de redução de estômago, feita há 15 dias: “O meu personagem é preconceituoso e autoritário. Ele (personagem) vê o filho adotivo como uma mercadoria que pode ser devolvida, se não gostar dela. Não é tanta ficção assim. O estômago acaba sofrendo os efeitos da tensão que o filme exige”, observa ele. “O Bruno entrega o espírito para o jogo da cena. O personagem não tem nada a ver com ele, que é dócil, mas o papel é truculento”, destaca Cláudio. Entre os trabalhos em que Bruno atuou, estão o personagem principal da peça “Orfeu”, de 2003, e o 1º tenente do longametragem “Araguaia, Conspiração do Silêncio”.


Ficha técnica: João Inácio assina o roteiro e a direção: “Com esta produção o Pará ganha mais uma realização cinematográfica competente para concorrer em pé de igualdade na quase centena de festivais e mostras de cinema no Brasil e no Exterior”, afirma ele. A intenção dele é lançar o filme em sessões gratuitas, na Estação das Docas, em Belém, e percorrer outras salas de cinema com a arrecadação de arrecadação de faldas descartáveis para abrigos de recém-nascidos, além de 40 salas de aula espalhadas pelo Estado. “Fazer filmes no Pará é mais que um desafio, é uma conquista de podermos registrar e mostrar a nossa cara e nós mesmos contarmos as nossas próprias histórias, com profissionalismo e competência”, resume Inácio.

Cláudio Barros é o diretor de elenco, ele foi responsável por encontrar a atriz do filme Tainá, e também atuou em filmes como “Araguaia, Conspiração do Silêncio”. Luciana Martins é a diretora de Produção, também tem trabalho de destaque nacional e com renomados técnicos de São Paulo. Kátia Coelho é a diretora de fotografia premiada em Gramado. Paulo José Campos de Melo assina a trilha sonora, ele é prestigiado pianista da Amazônia que compôs, gravou e editou a trilha sonora do premiado filme "Faust" do Diretor Ernst Gossner, na Áustria, e recebeu a Rosa de Ouro na Mostra de cinema de Göttingen e duas vezes a medalha Metropolis, em Münster (Alemanha) e Innsbrück (Áustria).


Texto: Enize Vidigal

Fotos: Renato Chalu

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